sexta-feira

Rio de Janeiro: Milícia vendia argila, barro e areia para obra do PAC

Polícia Federal desmantela quadrilha que explorava ilegalmente área de um milhão de metros quadrados na zona Oeste


PF desmantela esquema de exploração de solo implantado por milícia no Rio Polícia Federal prende 40 ao combater ação miliciana no Rio 
Policiais federais realizaram nesta sexta-feira uma operação de combate a um grupo de milicianos que explora ilegalmente a extração de argila, barro e areia em uma área de um milhão de metros quadrados em Santa Cruz, zona Oeste do Rio de Janeiro. De acordo com o chefe da Delegacia de Meio Ambiente e Patrimônio Histórico, Fábio Scliar, da Polícia Federal, grande parte dessa terra era comprada por empresas de engenharia que constroem o Arco Metropolitano. Essa obra ligará o município de Itaboraí, na região metropolitana, ao porto de Itaguaí, na zona oeste da cidade, e faz parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

Apesar de não saber como a milícia dava nota fiscal, o delegado acredita que essas empresas não sabiam da ilicitude do material. No que se refere ao governo estadual, Scliar também o isenta de culpa. “Penso que não há responsabilidade estatal. Mas talvez seja preciso pedir esclarecimentos”, afirma.

Durante a ação, 40 pessoas foram detidas para averiguação. O terreno foi todo escavado durante, pelo menos, dois anos. “É a primeira vez que vejo roubo de concessão para retirada de saibro e argila”, disse Scliar. A concessão não é mais válida. Segundo o delegado, ela foi retirada “no peito e na raça” do dono pelos milicianos. A informação é que quem chefiava a área era um homem que se dizia policial, identificado como Castro. Pelos indícios, ele conseguiu fugir quando a PF chegou ao local.

A casa onde Castro morava também funcionava como escritório. “É um oásis em um deserto de miséria”, explicou o delegado. Quando a polícia chegou a casa, um dos quartos estava desarrumado, o ar condicionado ligado e uma das janelas aberta, indicando a fuga. Foram encontradas aves silvestres também. Apesar de Castro ter escapado, o pai dele foi preso durante a operação.

Um oficial da polícia militar também lucrava com o terreno. Ele, provavelmente, alugava caminhões para fazerem o transporte da terra. “Aquilo parece um solo lunar”, contou o delegado ao explicar como está a terra atualmente. Algumas das estratégias dos milicianos para intimidar os moradores que residem ali perto era cavar buracos com aproximadamente 20 metros até a parede das casas. Resultado: o morador não descia para fiscalizar.

Mesmo com essa maneira de intimidar a população local, uma denúncia anônima foi a responsável por mobilizar a PF. A polícia já tinha conhecimento da exploração do terreno, mas foi através de uma informação recebida há cerca de duas semanas que se preparou para ir ao local e desmantelar o esquema.

EDITORAL/VEJA

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